domingo, 31 de março de 2013

DOMINGO DE PÁSCOA

A celebração da Páscoa é o centro do Ano Litúrgico e o centro de nossa vida cristã, como bem recorda o Apóstolo Paulo: senão nossa fé seria vã. Tudo converge e tudo emana da experiência pascal. O Círio Pascal, atualizado a cada ano, recorda que hoje a luz brilha no meio das trevas e os cristãos espalhados pelo mundo são chamados a ser reflexo dessa luz.

Celebrar a Páscoa hoje é anunciar a certeza da vida em meio às contradições hodiernas. É saber, com certeza, que o Senhor conduz a história e que somos chamados a ser sinais dessa vida em Cristo para as pessoas que procuram o sentido último de suas vidas.
Aqueles que fazem experiências de morte e infelicidade são convidados a olhar para a cruz de Cristo, lugar onde Ele nos salvou, e acolhê-Lo vivo e ressuscitado, experimentando a possibilidade de uma vida cheia de sentido e de paz!

Que a experiência pascal nos faça pessoas pascais em todos os nossos relacionamentos e missões.
Façamos Páscoa! Passemos para esta nova vida.
Experimentemos a alegria da verdadeira vida, mesmo com as dificuldades inerentes à vida humana e social.
Aquele que faz a primavera suceder ao inverno, hoje nos fala com clareza que em Cristo, o filho eterno de Deus, que assumiu nossos pecados e derramou seu sangue para nos fazer novos de novo, a Páscoa é a última e mais importante palavra que o Senhor nos dá.
Não tenhamos medo, Ele ressuscitou e está presente no meio de nós! Ele é nossa vida! Ele é a nossa salvação! - 

Que essa experiência vivida pessoalmente em nossas comunidades neste abençoado tempo nos faça sempre mais anunciadores alegres e disponíveis da grande boa notícia: o Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia! - 

Hoje é uma bela oportunidade de bendizer ao Senhor por todos os dons recebidos e pela grande alegria de podermos, com Cristo, ressurgir de nossos pecados. - 

Páscoa é vitória, é o homem chamado a sua maior dignidade. Como não se alegrar pela vitória d'Aquele que tão injustamente foi condenado à paixão mais terrível e à morte de cruz?, pela vitória d'Aquele que anteriormente foi flagelado, esbofeteado, cuspido, com tanta desumana crueldade.
Este é o dia da esperança universal, o dia em que em torno ao ressuscitado, unem-se e se associam todos os sofrimentos humanos, as desolusões, as humilhações, as cruzes, a dignidade humana violada, a vida humana respeitada.

sábado, 30 de março de 2013

Vigília Pascal


O simbolismo fundamental da celebração litúgica da Vigília é o de ser uma "noite clara", ou melhor «a noite que brilha como o dia e a escuridão é clara como a luz»

Lucas 12:35-40 - Bíblia
35 "Estejam prontos para servir e conservem acesas as suas candeias,
36 como aqueles que esperam seu senhor voltar de um banquete de casamento; para que, quando ele chegar e bater, possam abrir-lhe a porta imediatamente.
37 Felizes os servos cujo senhor os encontrar vigiando, quando voltar. Eu afirmo que ele se vestirá para servir, fará que se reclinem à mesa, e virá servi-los.
38 Mesmo que ele chegue de noite ou de madrugada, felizes os servos que o senhor encontrar preparados.
39 Entendam, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não permitiria que a sua casa fosse arrombada.
40 Estejam também vocês preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que não o esperam"

Esse é um dia de reflexão, vigília, espera pelo momento da ressurreição de Jesus, sua volta triunfante do mundo dos mortos para salvar os homens de todos os seus pecados, um ato de amor supremo pela humanidade.
Na noite, em que Jesus Cristo passou da morte à vida, a Igreja convida os seus filhos a reunirem-se em vigília e oração.
Na verdade, a Vigília pascal foi sempre considerada a mãe de todas a vigílias e o coração do Ano litúrgico. A sensibilidade popular poderia pensar que a grande noite fosse a noite de Natal, mas a teologia e a liturgia da Igreja adverte que é a noite da Páscoa, «na qual a Igreja espera em vigília a Ressurreição de Cristo e a celebra nos sacramentos» (Normas gerais sobre o Ano litúrgico, 20). No texto do Precónio pascal, chamado o hino “Exsultet” e que se canta nesta celebração, diz-se que esta noite é «bendita», porque é a «única a ter conhecimento do tempo e da hora em que Cristo ressuscitou do sepulcro! Esta é a noite, da qual está escrito: a noite brilha como o dia e a escuridão é clara como a luz». Por isso, desde o início a Igreja celebrou a Páscoa anual, solenidade das solenidades, com um vigília noturna.

Por consequência, a Ressurreição de Cristo é o fundamento da fé e da esperança da Igreja.
 A liturgia salienta a potência da luz, como o símbolo de Cristo Ressuscitado, no círio pascal e nas velas que se acendem do mesmo, na iluminação progressiva das luzes da igreja, ao acender das velas do altar e com as velas acesas na mão para a renovação das promessas baptismais. O símbolo mais iluminador é o círio, que deve ser de cera, novo cada ano e relativamente grande, para poder evocar que Cristo é a luz dos povos. Ao acender o círio pascal do lume novo, o sacerdote diz: «A luz de Cristo gloriosamente ressuscitado nos dissipe as trevas do coração e do espírito» e depois apresenta o círio como «lumen Christi=a luz de Cristo». Quando alguém nasce, costuma-se dizer que «veio à luz» ou que «a mãe deu à luz». Podemos, por isso dizer que a Igreja veio à luz na Páscoa de Cristo. De facto, toda a vida da Igreja encontra a sua fonte no mistério da Páscoa de Cristo.
Esta noite inaugura o “Hodie=Hoje” da liturgia, como se tratasse de um único dia de festa sem ocaso (o dia da celebração festiva da Igreja que se prolonga pela oitava pascal e pelos cinquenta dias do Tempo pascal), no qual se diz «eis o dia que fez o Senhor, nele exultemos e nos alegremos» (Sl 118).

sexta-feira, 29 de março de 2013

VIA SACRA

O Filho de Deus, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, deixou o seu esplendor divino: '...despojou-se de si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens; aparecendo com a forma humana, humilhou-se a si mesmo... até à morte de cruz' (cf. Fl 2, 6 ss.).

 “Este, depois de entregue, conforme o desígnio imutável e a previsão de Deus, matastes, cravando-O na cruz, pela mão de gente perversa” (At.2,23).



Oração inicial:
Meu Deus e Senhor, prostrado aos Vossos pés, contrito e arrependido, peço-Vos humildemente acompanhar o Vosso Divino Filho no caminho doloroso de Sua Paixão, chorando os meus pecados, causa de tantos sofrimentos.
Concedei-me, pela Sua Sagrada Paixão e  Morte, e pelo Sacramento Augusto de Seu Corpo e Sangue, a graça de lucrar de todas as indulgências anexas a esta devoção, aplicando-as às benditas almas do Purgatório.
Nós Vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Primeira estação: Jesus é condenado à morte.
A morrer crucificado,  Jesus é condenado; por nossos crimes.
Jesus é condenado à morte por aqueles que Ele cumulou de benefícios. Com amor aceitou esta sentença. Para sofrer e morrer Ele veio ao mundo, ensinando-nos a fazer o mesmo. Jesus ainda é condenado à morte na Eucaristia.
Pela Comunhão indigna, o sacrílego vende Jesus ao demônio, crucificando-O em seu corpo de pecado.
Oh! Jesus, mil vezes perdão por todos os sacrilégios! Que eu nunca chegue a cometê-los e passe minha vida a repará-los.

Segunda estação: Jesus levando a cruz às costas.
Com a Cruz é carregado, e do peso acabrunhado, vai morrer por teu amor.
Jesus é carregado com uma pesada Cruz. No Santíssimo Sacramento, os maus cristãos impõem a Jesus uma Cruz bem mais pesada, ignominiosa e dolorosa para o Seu Coração: a irreverência e a tibieza na Sua presença.
Perdão, meu Senhor, por aqueles que Vos tratam sem respeito na Santa Eucaristia, pelas indiferenças e esquecimentos à Vossa presença.

  Terceira estação: Jesus cai pela primeira vez.
Pela Cruz tão oprimido, cai Jesus desfalecido, pela tua salvação.
Jesus cai pela primeira vez. Quantas vezes cai em terra sem que se saiba. Mas, o que faz cair de dor é o primeiro pecado mortal que mancha a alma. Como é dolorosa a queda de Jesus na alma que O recebe indignamente na Primeira Comunhão! Tratar,assim, a Jesus na primeira vez que vem à alma, cheio de amor: tão jovem e tão culpado!
Oh! Jesus. Obrigado pelo Amor que me testemunhastes na minha primeira Comunhão. Jamais o esquecerei.

Quarta estação: Encontro de Jesus com Sua Mãe Santíssima.
De Maria lacrimosa, no encontro lastimosa, vê a viva compaixão.
Maria acompanha a Jesus no caminho doloroso do Calvário. Quem ama quer compartilhar. Quantas vezes Jesus na Eucaristia encontra no caminho de Suas dores, em meio dos inimigos, os filhos do Seu Amor, carrascos e ministros de Suas Graças, que se unem aos carrascos para humilhá-Lo. Quantos renegados e apóstatas abandonam o serviço e o amor de Deus, diante de um sacrifício!
Oh! Jesus, eu Vos quero seguir humilhado e maltratado com Maria, minha Mãe.

Quinta estação: Jesus ajudado por Simão Cirineu a levar a Cruz.
Em extremo desmaiado, deve auxílio aqui cansado, receber de Simeão.
Jesus é ajudado por Simão de Cirineu a levar a Cruz. No Santíssimo Sacramento, Jesus chama os homens para si, e poucos correspondem aos Seus convites. Convida-os ao banquete Eucarístico e tem mil pretextos para recusar. Jesus fica só, abandonado, com as mãos cheias de graça, que os homens não querem: tem medo do Seu Amor!.
Oh! Senhor, compreendo que vale mais deixar tudo do que falhar a uma Comunhão, a maior de Vossas Graças. Perdoai o meu passado, e guardai minhas resoluções para o futuro.

Sexta estação: A piedosa Verônica enxuga o rosto de Jesus.
O seu rosto ensangüentado, por Verônica enxugado, contemplemos com amor.
Verônica enxuga o rosto de Jesus, ensangüentado e cheio de escarros. Ele a recompensa imprimindo sobre o linho Sua face adorável. Jesus é muito ultrajado e profanado no Adorável Sacramento: e, onde estão as Verônicas compassivas para reparar estas abominações? Fica-se espantado de se ver tantos sacrilégios cometidos contra o Augusto Sacramento; dir-se-ia que Jesus Cristo é entre nós em estranho, indiferente e desprezível.
Senhor, adoro sob o Véu Eucarístico, Vossa Sagrada Face cheia de glória e majestade; dignai-Vos imprimir Vossos traços em meu coração.

Sétima estação: Jesus cai pela segunda vez.
Outra vez desfalecido, pelas dores abatido, cai em terra o Salvador.
Jesus cai pela segunda vez: sobrevêm no Vosso sofrimento,redobram os maus tratos dos carrascos.
Quantas vezes tíbios que O recebem sem preparação e sem piedade, e O deixam partir sem Amor, nem agradecimento. Assim a Eucaristia se torna estéril, embora seja fonte de todas as graças.
Oh! Divino Salvador, eu Vos peço perdão pelas comunhões tíbias e feitas sem devoção!

Oitava estação: Jesus consolando as filhas de Jerusalém.
Das matronas piedosas, filhas de Sião, chorosas, é Jesus consolador.
Jesus, esquecendo Seus sofrimentos, enxuga as lágrimas das piedosas mulheres.
É missão do salvador consolar os aflitos e perseguidos. Na Eucaristia é nosso consolador.
Espera que as almas O acompanhem no abandono e na ingratidão em que é deixado: e quão poucos se lembram de Jesus! Ele está ali dia e noite! Que ingratidão! Se Seus olhos pudessem chorar, quantas lágrimas deveriam derramar por nós!
Oh! Jesus, aceitai meu amor reparador, e sede minha única consolação e conforto nas horas do sofrimento.

Nona estação: Jesus cai pela terceira vez debaixo da Cruz.
Cai terceira vez prostrado, pelo peso redobrado, dos pecados e da Cruz.
Jesus, esmagado pelo peso da Cruz e pelos maus tratos dos carrascos, cai pela terceira vez.
Quanto sofre nesta nova queda! Jesus virá pela última vez a mim, no Viático; será esta graça o complemento de todas as outras na a vida.
Que pensa de uma alma que recebe esta preciosa graça em estado de pecado? Ah! é o inferno começado na terra.
Senhor, nós Vos pedimos por todos os moribundos, concedi-lhes a graça de morrerem em Vossos braços.

Décima Estação: Jesus no ato de O despirem e de Lhe darem o fel a beber.
Dos vestidos despojado, por verdugos maltratados, eu Vos vejo meu Jesus.
Jesus é despido de Suas Vestes. Quanto sofreu na sua modéstia. Quantas vezes é Jesus despojado ainda no estado sacramental!
Não contentes de O verem despojado de Sua glória divina e da beleza de sua humanidade, os inimigos O despojam da honra do culto: roubam os Sacrários, destroem as igrejas, profanam, os vasos sagrados e os Tabernáculos, e O jogam por terra. Ele, Rei e Salvador dos homens, é entregue à mercê dos sacrílegos como no dia da crucifixão.
Fazei, ó Jesus, que eu Vos imite, assim despojado na Eucaristia, e sede meu único bem.

Décima Primeira Estação: Jesus pregado na Cruz.
Sois por mim à Cruz pregado, insultado, blasfemado com cegueira e com furor.
Jesus é pregado na Cruz, em um madeiro infamante. Na comunhão indigna, o pecador crucifica-O em seu corpo de morte como um cadáver em decomposição. Lá uma vez, aqui todos os dias e por milhares de cristãos.
Oh! meu Jesus, eu Vos peço perdão das imortificações dos meus sentidos. Vós as expiastes bem cruelmente. Prometo humilhar em mim o homem velho, e me unir à Vossa vida crucificada.
«Dando um forte grito, Jesus exclamou: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Dito isto, expirou».


 Décima Segunda Estação: Jesus morre na Cruz.
Por meus crimes padecestes, Meu Jesus, por mim morrestes, Oh! Quão grande é minha dor.
Jesus morre na Cruz para nos resgatar, perdoando aos carrascos, abandonando Sua alma nas mãos do Pai.
Na Eucaristia, Jesus perpetua o amor que nos testemunhou na morte. Cada manhã ele se imola na Santa Missa, e perde Sua existência sacramental nos que comungam.
No coração justo para o fazer viver, no do pecador, para o condenar; àquele oferece as graças da redenção; a este, sua morte eterna.
Oh! meu Jesus, dai-me a graça de morrer ao pecado e a mim mesmo, e de viver só para vós. Concedei-me a graça, coroa de minha vida, de Vos receber em Viático.

Décima Terceira Estação: Jesus é descido da Cruz.
Do madeiro Vos tiraram e a Mãe Vos entregaram com que dor e compaixão.
Jesus descido da Cruz é entregue à sua Mãe, que O recebe nos braços e O oferece a Deus Pai como vítima de Cabe a nós, agora, oferecê-LO no altar e nos corações, por nós e pelos nossos.
Ele é nosso, para que O façamos valer.
Não permitamos que este preço infinito se torne estéril nas nossas mãos, por causa da indiferença.
Ò Pai Eterno, aceitai o Vosso Divino filho, Jesus, pelas mãos de Maria Santíssima, como vítima pela nossa salvação.

Décima Quarta Estação: Jesus é colocado no sepulcro.
No sepulcro Vos deixaram,sepultado Vos choraram, magoado o coração
Jesus é colocado no sepulcro, sob a guarda dos inimigos. Na Eucaristia, Jesus está verdadeiramente sepultado: para sempre será o nosso prisioneiro de Amor. O Corporal O envolve como um sudário; a lâmpada arde como diante de um túmulo num silêncio de morte.
Oh! meu Jesus, venho adorar-Vos, consolar-Vos e honrar-Vos por aqueles que não o fazem, e peço-Vos a graça do recolhimento e da morte ao mundo.
Oração final:
Oh! Dulcíssimo Jesus, fonte de amor e de salvação, estou arrependido de todos os meus pecados, por causa das Vossas dores. Prometo viver conforme Vossa Santíssima Vontade, aproveitar o Alimento Eucarístico, o Sangue derramado, e a Morte que por mim, sofrestes.
E vós, Virgem Dolorosíssima, interponde a Vossa poderosa intercessão para que eu nunca mais ofenda a Jesus.
Oh! meu Salvador, salvai-me, por Vossas Dores, pelo Vosso Sangue, pela Vossa infinita misericórdia. Amém.
Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória.
Senhor Jesus,
fazei de nós filhos da luz,
que não temem as trevas.
Nós Vos pedimos hoje
por todos aqueles que buscam o sentido da vida
e por quantos perderam a esperança,
para que acreditem na vossa vitória
sobre o pecado e a morte.
Amen.



quinta-feira, 28 de março de 2013

A Última Ceia de Jesus.

A Ceia foi instituída por Jesus Cristo na noite em que Ele foi traído. Essa noite era o dia da páscoa judaica.

Lucas - Lc 22,19-21

19 Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. 20 Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós... 21 Entretanto, eis que a mão de quem me trai está à mesa comigo.
Jesus estava extraordinariamente amável e sereno;disse aos Apóstolos que esquecessem tudo que os pudesse angustiar.

A princípio Jesus conversou muito amavelmente com os Apóstolos, enquanto ceavam; mas depois se tornou mais sério e triste. “Um de vós me atraiçoará, disse, cuja mão está comigo à mesma mesa.” Jesus serviu alface, de que havia só um prato, àqueles que lhe estavam ao lado; encarregou a Judas, que lhe ficava quase em frente, de distribuí-la pelo outro lado. Os Apóstolos assustaram-se muito, quando Jesus falou do traidor, dizendo: “Um que está comigo à mesma mesa”, ou “que mete a mão no mesmo prato comigo” – era uma alocução geral, indicando relações da maior intimidade. Contudo, quis também dar um aviso a Judas, que no mesmo momento de fato meteu com o Salvador a mão no mesmo prato, para distribuir alface. Jesus disse ainda: “O Filho do Homem vai certamente para a morte, como está escrito a respeito dele, mas ai do homem por quem será traído! Melhor fora nunca haver nascido”.
Os Apóstolos ficaram muito perturbados e perguntaram um após outro: “Senhor, sou eu?” pois todos bem sabiam que nenhum compreendera o sentido daquelas palavras. Pedro inclinou-se para João, por detrás de Jesus e fez-lhe um sinal, para perguntar ao Senhor quem era; pois tendo sido censurado tantas vezes por Jesus, receava que se referisse a ele. Ora, João estava à direita do Senhor e, como todos comiam com a mão direita, encostando-se sobre o braço esquerdo, estava ele com a cabeça perto do peito de Jesus. Aproximou mais a cabeça do peito do Mestre e perguntou-lhe: Senhor, quem é? Então lhe foi revelado que o Senhor se referia a Judas,“É aquele a quem dou o bocado de pão molhado”; este, porém, o percebeu, quando Jesus molhou o pão envolvido em alface e afetuosamente o ofereceu a Judas, que justamente nesse momento perguntava também: “Senhor, sou eu?”Jesus olhou-o com muito amor e deu-lhe a resposta concebida em termos gerais. Era entre os Judeus sinal de amizade e intimidade; Jesus fê-lo muito afetuosamente, para exortá-lo, sem o comprometer perante os outros.
 Desde os antigos tempos reinava o costume de partir o pão e beber do mesmo cálice no fim do banquete; era sinal de fraternidade e amor, usado por ocasião de boa vinda e despedida.
JESUS puxou para si o cálice,depois levantou a patena, em que estavam os pães àzimos, com ambas as mãos, olhou para o céu, rezou e ofereceu-o a Deus, pôs a patena no tabuleiro e cobriu-a.
Depois tomou o cálice, mandou Pedro derramar vinho e João derramar água, Benzeu o cálice, levantou-o, ofereceu-o, rezando e colocou-o no tabuleiro.
Durante esse santo ato tornou-se Jesus cada vez mais afetuoso com os Apóstolos; disse-lhes que agora queria dar-lhes tudo que tinha: sua própria pessoa. Era com se derramasse sobre eles todo o seu amor.
Orando com esse amor, partiu o pão nas partes marcadas, as quais amontoou sobre a patena, em forma de pirâmide.
O Senhor rezou ainda e ensinou; todas as palavras lhe saíram da boca como fogo e luz e entraram nos Apóstolos, com exceção de Judas. Depois tomou a patena com os bocados de pão e disse: “Tomai e comei, isto é o meu corpo, que será entregue por vós”. 
Nisso estendeu a mão direita como para benzer e, enquanto assim fazia, saiu dEle um esplendor, suas palavras eram luminosas e também o era o pão que se precipitou na boca dos Apóstolos, como um corpo resplandecente; era como se Ele mesmo entrasse neles.
O Senhor deu o Sacramento primeiro a Pedro, depois a João; em seguida fez sinal a Judas para aproximar-se; foi o terceiro, a quem deu mas a palavra do Cristo parecia recuar da boca do traidor; Jesus, porém, disse-lhe: “Fazei já o que queres fazer” e continuou a dar o Santo Sacramento aos Apóstolos, que se aproximaram dois a dois, segurando alternadamente, em frente um do outro, um pequeno pano engomado, bordado nos lados, o qual cobria o cálice.
Como Jesus tivesse feito um sinal a Judas, pensaram os outros que o tivesse encarregado de algum negócio. Retirou-se sem ter rezado e feito a ação de graças, por onde se vê como é mau retirar-se sem ação de graças, depois de tomar o pão quotidiano ou o Pão Eterno.
Dando o Santíssimo Sacramento, deu-se de modo que parecia sair de si mesmo e derramar-se nos Apóstolos, numa efusão de amor misericordioso.
Jesus deu ainda instruções secretas. Disse aos Apóstolos que continuassem a consagrar e administrar o SS. Sacramento, ensinou-lhes as formas essenciais da administração e do uso do Sacramento e de que modo deviam gradualmente ensinar e publicar esse mistério.
Jesus ensinou ainda por muito tempo e disse algumas orações com grande fervor. Parecia às vezes conversar com o Pai celeste, cheio de entusiasmo e amor. Os Apóstolos também ficaram penetrados de zelo e ardor e fizeram-lhe várias perguntas, às quais respondeu.
O Mestre falou também diversas vezes do traidor, dizendo o que naquela hora este estava fazendo;porém, Jesus dissesse que onde iria, não poderiam seguí-lo, exclamou Pedro que o seguiria até a morte. Replicou Jesus: “Em verdade antes que o galo cante duas vezes, tu me negarás três vezes”  pois que se devia cumprir a palavra:Os Apóstolos entenderam-no no sentido natural, então Jesus disse: “Basta, vamo-nos daqui”. 
Ali se aproximaram a mãe de Jesus, Maria de Cleofas e Madalena, que lhe pediram instantemente que não fosse ao monte das Oliveiras; pois se propagara o boato de que queriam apoderar-se dEle. Mas Jesus consolou-as com poucas palavras, continuando apressadamente o caminho; eram cerca de 9 horas da noite. Descendo a grandes passos pelo caminho pelo qual Pedro e João tinham vindo ao Cenáculo, dirigiram-se ao monte das Oliveiras.
 “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fora, eu vo-lo teria dito: pois vou a aparelhar-vos o lugar. E depois que eu for e vos aparelhar o lugar, virei outra vez, e tomar-vos-ei comigo, para que onde eu estiver, estejais vós também, para onde eu vou, sabeis vós e sabeis também o caminho”.
Disse-lhe Tomé: “Senhor, não sabemos para onde vai, e como podemos saber o caminho?”
Respondeu-lhe Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim. Se me conhecêsseis a mim, também certamente havíeis de conhecer meu Pai; mas conhecê-Lo-eis bem cedo e já o tendes visto”. Disse-lhe Filipe: “Senhor, mostrai-nos o Pai e isso nos basta”.Respondeu-lhe Jesus: “Há tanto tempo que estou convosco e ainda não me tendes conhecido? Filipe, quem vê a mim, vê também ao Pai. Como dizes logo: “Mostra-nos o Pai?” Não credes que estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é que faz as obras. Não credes que estou no Pai e que o Pai está em mim? Crede ao menos por causa das mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim, fará também as obras que faço e fará outras ainda maiores; porque vou para o Pai. E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, eu vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
 Se me amais, guardais os meus mandamentos. E rogai ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vos deixarei órfãos; virei a vós. Resta ainda um pouco, depois já o mundo não me verá; mas ver-me-eis vós, porque eu vivo e vós vivereis. Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai e vós em mim e eu em vós. Aquele que tem os meus mandamentos e que os guarda, esse é o que me ama. E aquele que me ama, será amado de meu Pai e eu o amarei também e me manifestarei a ele”.
“Se alguém me ama, guardará a Minha palavra e meu Pai o amará e viremos a ele e faremos nele morada. O que não me ama, não guarda as minhas palavras. E a palavra que tendes ouvido, não é minha, mas, sim, do Pai que me enviou. Eu vos disse estas coisas, permanecendo convosco; mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar tudo o que vos tenho dito. A paz vos deixo, a minha paz vos dou".

domingo, 24 de março de 2013

Domingo de Ramos

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor
É considerado o mais importante para a igreja, pois relembra a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de passar pela Paixão, Morte e Ressurreição
Neste domingo,começa a Semana Maior, da Paixão e Morte do Senhor Jesus, começa chamado Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, que une ao mesmo tempo o anúncio da Paixão e da Vitória de Cristo pela sua Morte e Ressurreição.
Somos convidados a caminhar com Jesus: a procissão que comemora a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém tem um caráter eminentemente festivo e, mais do que isso, popular. A participação na procissão é importante neste domingo.
Os ramos devem ser conservados como vivo sinal e doce testemunho da fé em Cristo e esperança na sua vitória pascal aniquilando a morte e anunciando a vida eterna.

Domingo de Ramos é dia de aclamar Jesus como Messias que vem realizar as promessas dos profetas e instaurar definitivamente o Reino do Deus da Vida Eterna: justiça para os marginalizados e pobres, bem como, excluídos.
Somos chamados a sermos participantes de todos os bens e na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
A paz que tanta falta faz ao mundo deve ser permeada pela esperança feliz da vitória da morte, pela vida eterna.

Vamos aclamar aquele que vem! Bendito o que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!
Todos nós somos convidados a enxergar nos mistérios da paixão o sentido salvador que trazem. Por isso mesmo, a narração da paixão e morte não basta ser lida ou escutada. O relato da paixão deve ser rezado e meditado.

Vamos buscar no exemplo de Maria, que escutou e guardou no seu coração, estes fatos. Vamos guardar a paixão em nosso coração e procurar uma conversão absoluta de nossas existências, configurando nossos corações ao Coração de Jesus e ao Coração de Maria.

Jesus hoje entra triunfalmente em Jerusalém: é acolhido pelos Judeus como Senhor e como Rei. É acolhido e chamado de Rabi, que significa Mestre. Jesus é aclamado como o rei pacífico e libertador da humanidade. Num segundo momento somos, pelo relato da paixão, chamados a refletir sobre os sofrimentos de Jesus que foram sofrimentos em nosso doce benefício. Paixão de Jesus que é paixão de todos nós! Jesus morreu na cruz pela nossa salvação. Jesus se doou por todos nós. Doação extremada. Cruz bendita que inaugurou, pela ressurreição, a nossa doce esperançosa ressurreição.

Celebramos hoje o mistério pascal. Doce esperança da ressurreição inaugurada pelo evento paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus. É o centro de nossa fé e da vida de Jesus. Evangelho que nasce da Paixão Redentora e do Túmulo Vazio pela Ressurreição.

A paixão, a morte e a ressurreição são três eventos distintos que se unem, porque são inseparáveis.
Jesus não acabou com a sua morte no calvário. Jesus venceu os infernos e a morte e anunciou a vida eterna, a esperança que se tornou realidade com a sua ressurreição.

Lucas, unicamente, é o evangelista que no relato da paixão nos informa o episódio do bom ladrão – Lc 23,40-43 – e do envio de Jesus a Herodes – Lc 23,6-12. A São Lucas não interessa apenas o fato, mas também o sentido eclesial que o fato carrega. O fato, então, toma força de um símbolo dentro da história da salvação. Herodes, por exemplo, torna-se a imagem dos que se interessam falsamente por Jesus. Não se interessam pela salvação que ele traz com sua doutrina, mas pela sua curiosidade dos milagres ou pelas vantagens da promoção social.

No bom ladrão estamos todos nós incluídos. É na morte de Jesus que encontramos o perdão e a doce salvação. É a morte de Jesus que abre as portas do céu. Ninguém merece a salvação. A salvação nos vem pela misericórdia divina.

Quem foi Pilatos? Nas províncias conquistadas pela opressão do Império Romano eram nomeados procuradores para governá-las. Pôncio Pilatos foi governador da Judéia e da Samaria entre os anos 26 e 36. Enquanto os Evangelhos nos fornecem uma imagem relativamente boa de Pilatos, apesar de haver condenado Jesus à morte, os escritores profanos do tempo pintam-no como um homem violento, corrupto, intolerante, cruel e assassino. Nada se sabe o que aconteceu com Pilatos depois de seu tempo de procurador Romano na Judéia e na Samaria. Não se sabe se ele se suicidou ou se ele foi assassinado, ou se mesmo tornou-se cristão.

Quem foi Herodes? O Herodes da Paixão é Herodes Antipas, filho mais novo de Herodes Magno aquele que mandou matar as crianças. Herodes Antipas governava a Galiléia e a Peréia. O povo o chamava de rei, embora também ele estivesse sujeito a Roma. Enquanto Pilatos hostilizava os hebreus, Herodes procurava ser amigo deles. Por isso Pilatos e Herodes não se davam, porque Pilatos não gostava dos hebreus.

Quem eram os Anciãos do Povo?  Eram os chamados notáveis da cidade. Eram membros do Sinédrio, uma espécie de senado.  Ao Sinédrio cabia os poderes religiosos e alguns poderes civis. Algumas deliberações, como mandar matar alguém, deveria ter a autorização do procurador romano, no caso, Pôncio Pilatos.

Para LUCAS a Paixão de Jesus é considerada um Martírio, ou seja, uma vontade de Deus, segundo o qual o Filho de Deus estava determinado para morrer.

Lucas acentua o silêncio e a paciência de Jesus perante o seu sofrimento, as acusações e os insultos.
Lucas relata o perdão dado a Pedro pela negativa de três vezes e o mesmo perdão que o Senhor deu a quem o crucificou.

Lucas relata que Jesus nos ensinou a lição de Dimas, o bom ladrão, que pediu para entrar no Reino dos Céus. Esta deve ser a nossa atitude: humildade orante.

Lucas acentua, ainda, a inocência de Jesus: Pilatos não encontrou nenhum crime em Jesus.

Lucas, também, narra as três acusações em que Jesus foi levado a Pilatos: subversão do povo, sonegação de impostos e afirmação de ser Rei.

Pilatos pergunta a Jesus: “tu és o Rei dos Judeus?” Jesus era e não era. Não era rei em sentido político e nunca havia pretendido sê-lo. Mas era, por ser senhor e rei de todos os povos. Por três vezes o Procurador Pôncio Pilatos o declara inocente. O mesmo o faz Herodes. Também as mulheres que choram ao longo do caminho do calvário são sinal da inocência de Jesus. Repete-o o ladrão arrependido. Mas a grande declaração vem do centurião aos pés da Cruz: “Verdadeiramente, esse homem era um justo”(cf 23,47). Isso quer dizer que o centurião declarava que Jesus era inocente.

Lucas ressaltou a paixão com sentido de oração conforme foi toda a vida de Jesus. Mas é na Cruz redentora que ouvimos a mais bela oração que deve permear toda a semana maior e toda a nossa vida: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem!” e, em seguida grita: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!”

Diante da cruz do justo que morre, temos que optar: ou pelo lado dos que dão sua vida para viver e fazer viver o amor de Deus, ou pelo lado dos que dão as mãos para suprimir a justiça: lado de quem carrega a cruz ou de quem a impõe.

Esta paixão não é buscada pelo prazer de sofrer, mas para testemunhar a verdade em relação a Deus e em relação à pessoa humana. Foi isso que Jesus fez através de sua paixão.
É isso que se espera de cada discípulo seu: testemunhar a Deus, testemunhar a Jesus Cristo, testemunhar o valor da pessoa humana. Ele o realizará pela palavra, pela ação e, se necessário, pela paixão. Sempre somos chamados a sermos mártires, seja pelo derramamento do sangue, seja pelo transbordamento do amor.

Somos convidados hoje a fazer o gesto concreto e a coleta da campanha da fraternidade que nos fala da economia ecoando o convite que não “Podemos servir a Deus e ao dinheiro!” Jesus entregou a sua vida para salvar a humanidade e instaurar o Reino de Deus. E nós também ofereceremos a nossa contribuição material para fazer deste mundo mais fraterno e ajudar na organização da sociedade mais justa.

Participar, como dizem os Bispos, da Coleta da Campanha da Fraternidade é “associar-se ao gesto e à atitude de Jesus e com Ele, imbuídos pelo Espírito do Ressuscitado e confiantes na sua vitória sobre a injustiça e a morte, ir ao encontro dos pequenos, pobres e excluídos”. 

Vivamos as notas da quaresma que nos fortifica para cantar o Aleluia da Ressurreição: a esmola, o jejum e a penitência. Amém!



Abre-se, então, a Semana Santa! O Domingo de Ramos e da Paixão começa com um convite a um caminho: "Vamos iniciar, com toda a Igreja, a celebração da Páscoa de nosso Senhor. Para realizar o mistério de sua morte e ressurreição, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de sua vida". Na Quinta-feira santa, Jesus vai ao encontro de seus discípulos, lava-lhes os pés, deixando-nos o mandamento novo com o qual faremos continuamente o passagem do egoísmo para a comunhão e a partilha. Oferece-nos a Eucaristia, Viático para a estrada da vida, Corpo e Sangue do Senhor oferecido aos fiéis, enquanto esperamos a sua vinda. Sexta-feira Santa é dia de "Via Sacra", caminho para o Calvário! Dali para frente, a definitiva estrada, que passa pela escuridão do túmulo para chegar à manhã jubilosa da Ressurreição. Depois, o Senhor marca encontro na Galiléia, ordenando aos discípulos fazerem o caminho de volta ao quotidiano com a força do Ressuscitado. Quando "viaja" para o Céu, começou para a Igreja a grande viagem missionária, que continuará até a volta do Senhor, no fim dos tempos, garantindo o cumprimento de sua promessa com o penhor do Espírito Santo derramado sobre a Igreja.

sábado, 16 de março de 2013

5º Domingo da Quaresma

Chegamos na última semana da Quaresma. Caminhamos nestas cinco semanas volvendo nossos olhares e nossos corações para o apelo do Senhor que nos pede a conversão, o jejum e a esmola como aprimoramento de nosso seguimento de Jesus Cristo, o Redentor.

Domingo passado presenciamos a volta do filho pródigo e a sua acolhida pelo Pai Misericordioso. 
Neste Domingo 17/03/2013, por conseguinte, aparece com mais força ainda o quanto Deus está acima do pecado. Eis a base que se chama “conversão”.

Nas três leituras de hoje, encontramos a libertação perpassando toda a reflexão dominical. “Não mais penseis nas coisas anteriores, não mais olheis o passado. Eis que faço nova todas as coisas;

Antes de castigar ou de oprimir as pessoas temos que ter consciência de que somos pecadores. Temos que ter a atitude misericordiosa do Pai misericordioso, rezando e acolhendo com carinho e humildade.
Jesus acolheu a prostituta. Não aprovou a sua atitude de pecadora pública. Mas a acolheu com misericórdia. Apenas não a condenou, porque sua misericórdia era maior que o pecado dela. Observe-se que, de imediato, Jesus acrescenta: “Eu sou a luz do mundo!”
"Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais" (Jo 8,11).
A lei que iria me roubar o direito de viver era mais forte que o perdão que aqueles corações de pedra não conheciam.
Arrastaram-me diante de um profeta. Pronunciaram meu pecado e sentenciaram o que a lei dizia. Ele ouviu tudo em silêncio. Depois de olhar para cada um, olhou-me profundamente. Seu olhar não me condenava, Ele voltou-se com o olhar fixo para o chão e começou a escrever com o dedo no chão.
Mesmo à distância consegui ler apenas duas palavras: amor e perdão. Diante daquelas palavras meu coração sentiu a liberdade que se aproximava. As amarras que me prendiam pareciam aos poucos dissipar-se.

Mas eles queriam saber qual era a opinião daquele homem. Insistiram tanto que ele não conseguiu calar-se! Levantou-se e disse:

- Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra.
Pude perceber que ninguém teve mais coragem de olhar para mim... A cada pedra que caia naquele solo seco e sem esperança um se retirava.
Em pouco tempo restou somente eu e Ele.
As minhas lágrimas rompiam o silêncio que nos unia. Ainda caída em meio a poeira dos meus arrependimentos ele me disse:
- Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?- Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais.
Ele levantou-se, estendeu a mão em minha direção, ajudou-me a ficar em pé. Secou minhas lágrimas com o seu amor. Deu-me um abraço de possibilidades e seguiu seu caminho…
Hoje refiz minha vida. Os tempos de outrora são apenas lembranças que não mais irão voltar. Nunca mais vi aqueles que um dia me condenaram. Mas a cada manhã ainda consigo ouvir aquelas mesmas palavras que me fazem ser uma nova mulher: "Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais".
Irmãos,

Na primeira Leitura(cf. Is. 43,16-21) nos é apresentado que Deus realizará uma nova salvação. Deus não obrou só no passado diz o profeta. Como antigamente ele abriu um caminho para o povo que voltava do Egito, assim também abrirá um caminho para um novo início; esqueçam o passado.

Na segunda Leitura(cf. Fl 3,8-14) somos convidados a nos convertermos e deixarmos levar pela força de Cristo. Na sua conversão, São Paulo abandonou muita coisa, sobretudo a pretensão de se justificar a si mesmo(pelas obras da Lei) E que recebeu São Paulo em troca? O conhecimento, a experiência do Cristo crucificado e ressuscitado. Mesmo assim, sabe que ainda não alcançou a meta. Importa ser constantemente arrebatado pela força de Cristo.

Irmãos,

Deus não é limitado que fique imobilizado por nosso pecado. Ele passa por cima, escreve-o na areia, como Jesus, no episódio da mulher adultera. A magninimidade de Deus, que se manifesta em Jesus, está em forte contraste com a mesquinhez dos justiceiros que queriam apedrejar a mulher. Estes, sim, estavam presos no seu pecado: por isso, nenhum deles ousou jogar a primeira pedra. Decerto, importa combater o pecado; mas é preciso estar com Deus para salvar o pecador.

A justiça considera uma pessoa pelo seu passado, ao passo que o amor a considera pelo seu futuro. E manifestava sua admiração por esta atitude entre os cristãos.

A mera justiça fecha as possibilidades da pessoa, ao passo que o amor, a misericórdia, lhe abrem novos horizontes, a fazer reviver. É isso que Deus faz com toda a humanidade. Não quero a morte do pecador mais sim que ele se converta e viva. O gesto de Jesus passar por cima do pecado da adúltera aconteceu com todos os cristãos pelo batismo e se renova tantas vezes, quando dele obtemos o perdão dos pecados.