domingo, 27 de abril de 2014

João Paulo II e João XXIII se tornam santos


Papa Francisco concelebrou missa solene com cinco prelados, entre eles o bispo de Bergamo (cidade natal do italiano João XXIII), Francesco Beschi, e o ex-secretário particular do Papa João Paulo II e arcebispo de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz.
A cerimônia de canonização teve os mesmos moldes de uma missa e foi simples, sóbria e sem extravagâncias.
"Declaramos e definimos como santos os beatos João XXIII e João Paulo II e os inscrevemos no Catálogo dos Santos, e estabelecemos que em toda a Igreja sejam devotamente honrados entre os Santos", foi a fórmula pronunciada em latim pelo Papa Francisco.


quinta-feira, 17 de abril de 2014

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO 18/04/2014

Fica-nos certamente no ouvido a secura desta última frase do evangelista: “Então Pilatos decidiu fazer o que eles pediam…”. Mesmo convencido da inocência de Jesus, mesmo dispondo de autoridade e de tropas, “entregou-lhes Jesus para o que eles queriam”.
“Pilatos falou-lhes pela terceira vez [aos acusadores de Jesus]: ‘Mas que mal fez este homem? Não encontrei n’Ele nenhum motivo de morte. Por isso vou soltá-Lo, depois de O mandar castigar’. Mas eles continuavam a gritar, pedindo que fosse crucificado, e os seus clamores aumentavam de violência. Então Pilatos decidiu fazer o que eles pediam”.
Indisponível para fazer justiça a Jesus, mesmo reconhecendo-lhe a inocência, indisponível ficou para ser justificado por Ele, indisponível  à verdade que tinha diante de si.

Irmãos e irmãs, esta é a pergunta, nestes dias da Semana Santa: - Estais vós,  estamos todos nós, neste momento, verdadeiramente disponíveis para acolher Jesus na sua verdade, tão forte como discreta, tão divina como humana, tão oferecida como exigente? – Estais vós, estamos todos, tão desinteressados e gratuitos que possamos entender a proposta que Jesus?
Jesus foi recebido com festa, mas depois foi condenado à morte, o povo que cantou “hosanas” também gritou “crucifica-o”, triunfante na entrada em Jerusalém, e depois humilhado, em morte de cruz.
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-n’O a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia:  Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.
O que ouvimos de Jesus inocente e crucificado é infinitamente maior e universalmente redentor. Clamar “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”, é transpor da sua inocência essencial para a nossa culpa real o que é apenas seu e do Pai, ou seja, a caridade, a vida a jorrar da nascente não poluída, no frescor original do Espírito regenerador.
E o que Cristo pede e oferece na Cruz é também o que precisamente manifesta em si mesmo: toma-nos para si e recupera-nos nesse amor, que é a própria vida trinitária, desapossada em cada um para o único bem do outro - e agora nosso bem, que decerto não merecíamos.
Irmãos e irmãs, somos também contraditórios em muitos momentos de nossa vida, a integridade se caracteriza pela unidade de caráter, pela manifestação verdadeira do que realmente somos, a partir de nossos valores, de nossas escolhas mais profundas, mas, a incoerência nos persegue, domina-nos e destrói a inteireza do nosso ser, e assim sendo, também somos Pilatos em nossas omissões, somos Pedro quando não temos coragem de assumir a radicalidade do Evangelho, somos Judas quando desacreditamos que o Senhor cumprirá o seu desígnio de amor, somos aquela multidão que se une no momento do êxtase ao messias, mas nem sempre acolhemos em nossas escolhas o Senhor da cruz, da vida derramada e humilhada.
Um bom exame de consciência, com toda a honestidade e transparência talvez nos surpreenda... Mas ainda há tempo de mudar!
A Semana Santa é tempo de comunhão e solidariedade com e em Jesus, é um tempo santo e precioso para entrarmos na História da Salvação e da Libertação, somos convidados a tomar parte nesta história como agentes, como discípulos missionários, não permitindo que o pecado, que levou Jesus à morte e ainda destrói tantas vidas, invada o nosso ser e o nosso agir.
Irmãos e irmãs, Jesus está sempre a nos mostrar e  ensinar, a nos ensinar a perdoar, pois deixa Judas o beijar, sem o ofender, olha com profundidade para Pedro enquanto o mesmo o nega, perdoa todos os seus assassinos, dizendo ao Pai que eles não sabem o que fazem, acolhe um bandido que na cruz clama por perdão, se já é sublime ver Jesus curar o coração de Zaqueu, de Simão, da Samaritana, da adúltera arrependida, mais sublime ainda é vê-lo curar um pecador enquanto morre.
Mesmo morrendo ainda sobram gotas de misericórdia, palavras cansadas e sofridas para salvar, e diante deste amor nos sentimos pequenos, diante deste amor nos sentimos fracos, pecador, e percebemos o quanto o nosso coração ainda precisa se expandir para amar de verdade.
Nesta Semana, meditamos o Evangelho de Jesus, somos tocados pela bondade infinita de Cristo, o Filho Amado do Pai, manifestada em todas as situações dolorosas, até na traição dos amigos; semana de sublime e transcendente Amor, escutamos a voz humilde do silêncio de Cristo, calado diante dos inimigos, escarnecido e maltratado, mas firme e confiante, entregue nas Mãos do Pai.
"Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força!"

(2Cor 12,9)