sábado, 26 de janeiro de 2013

A proclamação do Reino

O anúncio do Reino de Deus e o convite à conversão por parte de Jesus 

Querida comunidade, reunidos neste 
Dia do Senhor queremos celebrar a 
presença do Ressuscitado entre nós, 
abrindo nossos corações e mentes para 
a escuta e a vivência da Palavra de Deus. 
A Igreja, Corpo Místico de Cristo, existe 
para anunciar esta Palavra com alegria e 
no testemunho de sua opção pelo Reino 
de justiça e paz.
Leitura: Mc 1,14-15

Podemos dividir a contemplação deste mistério em quatro partes:

1. Jesus saiu proclamando o Evangelho de Deus, isto é do Pai. Pensemos em Jesus. Ele veio da parte do Pai. No nosso Salvador, podemos descobrir toda a bondade da paternidade do nosso Deus. Em Jesus, Deus nos diz que ainda nos ama, que ainda nos espera, ainda crê em nós; mais ainda: dá-nos o seu Filho bendito, que vem ao nosso encontro com os braços e o coração abertos. Em Jesus, aconteça o que acontecer na nossa vida, sabemos que Deus nos ama, faz conta de nós e deseja nos salvar! No rosto de Cristo contemplemos, portanto, a Face bendita do Pai: que sua Face resplandeça sobre nós!

2. Qual é a proclamação de Jesus? O que ele prega? Primeiro: “Cumpriu-se o tempo!” Com Jesus, tudo quanto o Antigo Testamento havia anunciado iria agora realizar-se. Termina agora o tempo da preparação, termina o tempo da profecia, termina o tempo do anúncio distante: com Jesus as promessas de Deus iriam realizar-se. Eis a grande lição: Deus é fiel, nunca falta à sua promessa, nunca volta atrás na sua Palavra! Tudo quando fora anunciado e prometido agora haverá de cumprir-se. Jesus é o Amém, o Sim de Deu a todas as suas promessas!

3. Mas, em que consiste esse cumprimento? “O Reino de Deus está próximo!” Isto é, o Reinado de Deus chegou, aproximou-se, não mais está distante! Com Jesus, Deus está batendo à porta do coração de Israel e da humanidade, pedindo passagem, desejando entrar! Com Jesus, Deus começa o seu Reinado. E onde Deus reina, o homem é feliz, é livre, começa a viver uma vida plena, que desembocará na eternidade. É isto que Jesus manifesta com seus milagres, exorcismos e palavras: que o Reino chegou e, por isso, os cegos enxergam, os coxos andam, os que choram são consolados e os pobres recebem essa Boa-Nova! Também nós devemos escutar esta Boa-Notícia, este Evangelho: o Reino de Deus chegou para nós! Basta que acolhamos Jesus, presente para nós na Santa Igreja, basta que deixemos que o Senhor reine em nossa vida! Deus está às portas; não lhe fechemos o coração!

4. Mas, para que o anúncio do Reino seja eficaz em nossa vida, é necessário a aceitação de nossa parte. Daí a exortação do Senhor: “Convertei-vos e crede no Evangelho!” Isto é: Convertei-vos e crede neste Evangelho! Que Evangelho? Que o Reino chegou em Jesus. E ninguém pode acolhê-lo, ninguém pode realmente deixar Deus reinar sem se esvaziar de si próprio, do seu pecado, dos seus apegos, dos seus vícios, de suas más tendências! Converte-vos! Eis a condição para acolher o Reino. Então, se ao mesmo tempo o anúncio do Reino é uma alegria imensa é também um imenso desafio, um imenso trabalho de conversão constante! A verdade é que sem conversão não se acolhe verdadeiramente o Reino de Deus!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Bodas de Caná


Nas bodas de Caná Jesus transforma água em vinho para mostrar que era chegada a hora da salvação.
O papel de Maria, como intercessora, acompanha a missão da Igreja em toda a sua jornada através do tempo e da história.
"Naquele tempo, 1 houve um casamento em Caná da Galileia. A Mãe de Jesus estava presente. 2 Também Jesus e seus discípulos tinham sido convidados para o casamento. 3 Como o vinho veio a faltar, a Mãe de Jesus Lhe disse: ‘Eles não têm mais vinho'. 4 Jesus respondeu-Lhe: ‘Mulher, por que dizes isto a Mim? Minha hora ainda não chegou'. 5 Sua Mãe disse aos que estavam servindo: ‘Fazei o que Ele vos disser'. 6 Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros. 7 Jesus disse aos que estavam servindo: ‘Enchei as talhas de água'. Encheram-nas até a boca. 8 Jesus disse: ‘Agora tirai e levai ao mestre-sala'. E eles levaram. 9 O mestre-sala experimentou a água que se tinha transformado em vinho. Ele não sabia de onde vinha, mas os que estavam servindo sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água. 10 O mestre-sala chamou então o noivo e lhe disse: ‘Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!'. 11 Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram n'Ele" (Jo 2, 1-11).



Caná distava dez quilômetros de Nazaré e era uma cidade mais importante do que esta. A Mãe de Jesus certamente tinha relações de amizade com a família de um dos nubentes. Ou, conforme opina o Abbé Jourdain, "pode-se crer que Maria estava unida por laços de parentesco próximo às famílias do jovem casal e, tendo sido convidada a este título, julgou-Se no dever de comparecer".
Nosso Senhor acompanhou-A, levando consigo os seus primeiros discípulos: João, Tiago, Pedro, André, Filipe e Natanael. O objetivo da presença de Jesus e de sua Mãe é assim explicado  "Jesus Cristo dignou- Se ir às Bodas de Caná, seja para honrar o matrimônio, como ensinam unanimemente os Santos Padres, seja para elevá-lo à dignidade de Sacramento e mostrar à Igreja e ao mundo que, sem a presença do Filho de Deus e de Sua Mãe Santíssima, não há núpcias santas e agradáveis a Deus.".
Oportuno é ressaltar no comentário deste versículo uma característica do espírito católico: a consideração de que a vida humana, conduzida dentro da observância da Lei de Deus, deve ser agradável, ter seus confortos e seus gáudios.Comparecendo à festa, Nosso Senhor e Nossa Senhora demonstraram que "as legítimas expansões da vida doméstica são santas" e quanto "o espírito cristão não é arredio nem antissocial". A temperante alegria da boa comida e da boa bebida, o casto prazer da mesa e outros deleites lícitos como, por exemplo, a música ou um ambiente decorado com bom gosto e requinte, estão muito de acordo com o espírito da Igreja, pois propiciam o progresso no amor a Deus.
Naquela celebração matrimonial santificada pela Sua presença, não é concebível terem Nosso Senhor e Nossa Senhora passado despercebidos. Na fisionomia, no porte, no modo de ser, sobretudo no olhar de ambos, deveria transparecer a incomensurável superioridade d'Eles sobre os demais. Inevitavelmente, uma auréola sobrenatural deveria cercá-Los, atraindo uma discreta curiosidade dos comensais. Nosso Senhor, "pela paz que espargia, mais que por seus milagres e suas afirmações, provava que era o Filho de Deus".
Como sempre, despreocupada de Si, Maria Santíssima prestava atenção em tudo, desejosa de fazer o bem aos outros. Percebeu, então, talvez sem ninguém Lhe ter comunicado, a situação embaraçosa: acabara o vinho. Que vergonha para os anfitriões! Quão grande seria a decepção quando isto viesse a saber-se! Isto, porém, não aconteceu, pois, como diz São Bernardino de Siena, "o Coração de Maria não poderia ver uma necessidade, uma aflição" e, mesmo sem ser rogada, "Ela intervém, pedindo um milagre para tirar de embaraços esses humildes esposos".
Sempre desejosa de fazer bem aos outros
Quando Nossa Senhora for efetivamente a Rainha dos Corações, "coisas maravilhosas acontecerão neste mundo". Na História, à semelhança das Bodas de Caná, o melhor vinho está sendo reservado para o fim...

O milagre das Bodas de Caná
Não é de estranhar que o primeiro milagre de Nosso Senhor tenha ocorrido durante uma festa de casamento, pois as cerimônias nupciais eram cercadas de extraordinária solenidade naquele tempo, devido à espera do Messias que viria salvar o povo judeu. Os novos casais se formavam na expectativa de figurarem na linhagem do Salvador, e a esterilidade era considerada um verdadeiro castigo.
Segundo o costume vigente, as núpcias começavam a ser preparadas com um ano de antecedência, quando os pais dos nubentes se reuniam para fazer o contrato matrimonial e concertar todo o relativo ao patrimônio, a fim de garantir a estabilidade do novo lar.
Normalmente o banquete de bodas se realizava depois do entardecer, e a noiva se dirigia em cortejo à nova morada, precedida por amigas portando lamparinas, com manifestações de alegria e cânticos. As comemorações tinham nessa época características sui generis e prolongavam-se, muitas vezes, por uma semana, sendo frequente haver grande número de convidados.

Conclusão:
Assim aprendemos grandes lições através das bodas em Caná da Galiléia. O Senhor vai onde é convidado. Não entra sem convite!

Podemos levar todos os nossos problemas e dificuldades a Ele na certeza de que atenderá na hora certa.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Mistérios do Rosário - Mistérios da Luz

O Santo Rosário às quintas-feiras

1 Mistério da luz - Baptismo no Jordão

Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João o impedia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Jesus, porém, lhe respondeu: Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele consentiu. Batizado que foi Jesus, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele; e eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.(Mateus 3,13-17)
Primeiramente é mistério de luz o Baptismo no Jordão. Aqui, enquanto Cristo desce à água do rio, como inocente que Se faz pecado por nós (cf. 2 Cor 5, 21), o céu abre-se e a voz do Pai proclama-O Filho dilecto (cf. Mt 3, 17 par), ao mesmo tempo que o Espírito vem sobre Ele para investi-Lo na missão que O espera.



2 Mistério da luz - bodas de Caná


Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, e estava ali a mãe de Jesus; e foi também convidado Jesus com seus discípulos para o casamento. E, tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm vinho. Respondeu-lhes Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Disse então sua mãe aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser. Ora, estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam duas ou três metretas. Ordenou-lhe Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram- nas até em cima. Então lhes disse: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E eles o fizeram. Quando o mestre-sala provou a água tornada em vinho, não sabendo donde era, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água, chamou o mestre-sala ao noivo e lhe disse: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho. Assim deu Jesus início aos seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele. Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias. ( Joao 2,1-12)
Mistério de luz é o início dos sinais em Caná (cf. Jo 2, 1-12), quando Cristo, transformando a água em vinho, abre à fé o coração dos discípulos graças à intervenção de Maria, a primeira entre os crentes.

3 Mistério da luz - A proclamação do Reino


Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deuse dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho.(Mc 1,15)
Mistério de luz é a pregação com a qual Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão (cf. Mc 1, 15), perdoando os pecados de quem a Ele se dirige com humilde confiança (cf.Mc 2, 3-13; Lc 7, 47-48), início do ministério de misericórdia que Ele prosseguirá exercendo até ao fim do mundo, especialmente através do sacramento da Reconciliação confiado à sua Igreja (cf. Jo 20, 22-23).

4 Mistério da luz - A Transfiguração


Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou Jesus consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte para orar. Enquanto ele orava, mudou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se branca e resplandecente. E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória, e falavam da sua partida que estava para cumprir-se em Jerusalém. Ora, Pedro e os que estavam com ele se haviam deixado vencer pelo sono; despertando, porém, viram a sua glória e os dois varões que estavam com ele. E, quando estes se apartavam dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é estarmos nós aqui: façamos, pois, três cabanas, uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia. Enquanto ele ainda falava, veio uma nuvem que os cobriu; e se atemorizaram ao entrarem na nuvem. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi. (Lucas 9,28-35)
Mistério de luz por excelência é a Transfiguração que, segundo a tradição, se deu no Monte Tabor. A glória da Divindade reluz no rosto de Cristo, enquanto o Pai O acredita aos Apóstolos extasiados para que O « escutem » (cf. Lc 9, 35 par) e se disponham a viver com Ele o momento doloroso da Paixão, a fim de chegarem com Ele à glória da Ressurreição e a uma vida transfigurada pelo Espírito Santo.

5 Mistério da luz - Instituição da Eucaristia


Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo. E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho; e todos beberam dele. E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do pacto, que por muitos é derramado. Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.( Mc 14,22-25)
Mistério de luz é, enfim, a instituição da Eucaristia, na qual Cristo Se faz alimento com o seu Corpo e o seu Sangue sob os sinais do pão e do vinho, testemunhando « até ao extremo » o seu amor pela humanidade (Jo 13, 1), por cuja salvação Se oferecerá em sacrifício..

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

BATISMO DO SENHO


“Tu és o meu Filho amado!"

A festa do Batismo do Senhor nos coloca 
diante da transformação visível da antiga 
em nova aliança. Cristo vai ao meio do 
povo, participa de sua realidade e assume 
plenamente a humanidade daqueles, em 
cuja terra nasceu. Recordemos hoje que, 
pelo batismo, somos todos chamados a 
participar deste povo instituído por Deus.
Depois de João Batista ter preparado as almas, cumprindo a sua missão de precursor, Jesus manifesta-se como Deus e Salvador. A vida pública do Senhor tem início, propriamente, quando Jesus se submete ao tiro de penitência que João ministrava no Rio Jordão.
O Batismo de Jesus no Jordão é um dos episódios da vida de Cristo narrado por todos os quatro evangelistas. O rito de penitência que João realizava, nas margens do Jordão, era uma ajuda para criar nas pessoas que o recebiam disposições de arrependimento para esperar o Messias. Nosso Senhor, sendo Ele, o Messias e a própria Santidade, sujeitou-se voluntariamente ao batismo de João. Esse ato de suprema humildade de Jesus merecerá mais uma Epifania: Deus Pai o proclamará como o seu Filho muito amado. Deus Pai, portanto, corresponde a esse ato de humildade, glorificando Jesus como Filho Unigênito. Na teofania do Jordão, de modo semelhante à suprema humilhação da Paixão, merecerá a plena glorificação de Cristo, que ascendeu à direita do Pai.
Com o batismo do Senhor, passamos do tempo do Natal ao tempo litúrgico comum. Tempo que vai nos revelar a missão de Jesus e o chamado feito a cada um de nós no dia do nosso batismo: sermos anunciadores da boa-nova do reino.
Enquanto João Batista prega a conversão dos pecados, Jesus vem e entra no rio Jordão, como todo o povo, para ser batizado. Mesmo sem precisar da remissão dos pecados, Jesus busca o batismo e se solidariza com o povo, une-se com quem deve ser salvo. Ao mesmo tempo, é revelado como o Filho amado do Pai celeste e recebe o Espírito que o investe da missão de profeta, sacerdote e rei.
Ao celebrar a festa de hoje, somos levados a refletir também sobre o nosso batismo. A exemplo de Jesus, ao sermos ungidos com o óleo batismal, desce sobre cada um o Espírito e somos proclamados filhos e filhas amados do Pai. Isso constitui grande alegria e nos leva a reconhecer no batismo, mais do que um peso sobre as costas, um dom, predileção de Deus, vocação à fé comprometida com o projeto de Jesus.
Recebendo o Espírito no batismo, fomos habilitados para a missão. Unidos a Jesus e a exemplo dele, tornamo-nos sacerdotes (servidores do culto), profetas (servidores da Palavra) e reis (servidores do povo de Deus).
Batizados em nome da Santíssima Trindade, entramos a fazer parte da comunidade, a grande Família de Deus. É aí que alimentamos nossa fé e fortalecemos nosso compromisso com Jesus e com os irmãos.
Nosso principal compromisso é seguir o caminho de Jesus, procurando viver uma vida nova, passando da solidariedade no pecado à solidariedade no amor e assumindo o projeto de uma vida livre da injustiça e da corrupção. Jesus passou a vida fazendo o bem; somos convidados a imitá-lo.

Queridos amigos, doando-nos a fé, o Senhor concedeu-nos o que existe de mais precioso na vida, ou seja, o motivo mais verdadeiro e mais belo pelo qual viver: é pela graça que cremos em Deus, que conhecemos o seu amor, com o qual Ele deseja salvar-nos e libertar-nos do mal.

Pe. Nilo Luza, ssp
•    Texto de Dom João Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro.
•    Texto retirado da Revista Ave Maria, ano 114, Janeiro, pág. 20 a 21.

sábado, 5 de janeiro de 2013

EPIFANIA DO SENHOR


HOMILIA DO PAPA BENTO XVI
Basílica Vaticana
Queridos irmãos e irmãs!
a Epifania é uma festa da luz. “Ergue-te, Jerusalém, e sê iluminada, que a tua luz desponta e a glória do Senhor está sobre ti” (Is 60, 1). Com estas palavras do profeta Isaías, a Igreja descreve o conteúdo da festa. Sim, veio ao mundo Aquele que é a Luz verdadeira, Aquele que faz com que os homens sejam luz. Dá-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (cf. Jo 1, 9.12).Para a liturgia, o caminho dos Magos do Oriente é só o início de uma grande procissão que continua ao longo da história inteira. Com estes homens, tem início a peregrinação da humanidade rumo a Jesus Cristo: rumo àquele Deus que nasceu num estábulo, que morreu na cruz e, Ressuscitado, permanece conosco todos os dias até ao fim do mundo (cf.Mt 28, 20). A Igreja lê a narração do Evangelho de Mateus juntamente com a visão do profeta Isaías, que escutamos na primeira leitura: o caminho destes homens é só o início. Antes, tinham vindo os pastores – almas simples que habitavam mais perto de Deus feito menino, podendo mais facilmente “ir até lá” (cf. Lc 2, 15) ter com Ele e reconhecê-Lo como Senhor. Mas agora vêm também os sábios deste mundo. Vêm grandes e pequenos, reis e servos, homens de todas as culturas e de todos os povos. Os homens do Oriente são os primeiros, seguidos de muitos outros ao longo dos séculos. Depois da grande visão de Isaías, a leitura tirada da Carta aos Efésios exprime, de modo muito sóbrio e simples, a mesma ideia: os gentios partilham da mesma herança (cf. 3, 6). Eis como o formulara o Salmo 2: “Eu te darei as nações por herança, e os confins da terra para teu domínio” (v. 8).
Os Magos do Oriente vão à frente. Inauguram o caminho dos povos para Cristo. Durante esta Missa, vou conferir a Ordenação Episcopal a dois sacerdotes, consagrá-los-ei Pastores do povo de Deus. Segundo palavras de Jesus, caminhar à frente do rebanho faz parte da função do Pastor (cf. Jo 10, 4). Por isso naqueles personagens, que foram os primeiros pagãos a encontrar o caminho para Cristo, talvez possamos – não obstante todas as diferenças nas respectivas vocações e tarefas – procurar indicações para a missão dos Bispos. Que tipo de homens eram os Magos? Os peritos dizem-nos que pertenciam à grande tradição astronômica que se fora desenvolvendo na Mesopotâmia no decorrer dos séculos, e era então florescente. Mas esta informação, por si só, não é suficiente. Provavelmente haveria muitos astrônomos na antiga Babilônia, mas poucos, apenas estes Magos, se puseram a caminho e seguiram a estrela que tinham reconhecido como sendo a estrela da promessa, ou seja, a que indicava o caminho para o verdadeiro Rei e Salvador. Podemos dizer que eram homens de ciência, mas não apenas no sentido de quererem saber muitas coisas; eles queriam algo mais. Queriam entender o que é que conta no fato de sermos homens. Provavelmente ouviram falar da profecia de Balaão, um profeta pagão: “Uma estrela sai de Jacó, e um cetro se levanta de Israel” (Nm 24, 17). Eles aprofundaram esta promessa. Eram pessoas de coração inquieto, que não se satisfaziam com aparências ou com a rotina da vida. Eram homens à procura da promessa, à procura de Deus. Eram homens vigilantes, capazes de discernir os sinais de Deus, a sua linguagem sutil e insistente. Mas eram também homens corajosos e, ao mesmo tempo, humildes: podemos imaginar as zombarias que tiveram de suportar quando se puseram a caminho para ir ter com o Rei dos Judeus, enfrentando canseiras sem número. Mas, não consideravam decisivo o que se pensava ou dizia deles, mesmo pelas pessoas influentes e inteligentes. Para eles o que contava era a própria verdade, não a opinião dos homens. Por isso, enfrentaram as privações e o cansaço de um caminho longo e incerto. Foi a sua coragem humilde que lhes permitiu prostrar-se diante de um menino filho de gente pobre e reconhecer n’Ele o Rei prometido, cuja busca e reconhecimento fora o objetivo do seu caminho exterior e interior.
Queridos amigos, em tudo isto é possível ver alguns traços essenciais do ministério episcopal. Também o Bispo deve ser um homem de coração inquieto, que não se satisfaz com as coisas rotineiras deste mundo, mas segue a inquietação do coração que o impele interiormente a aproximar-se sempre mais de Deus, a procurar o seu Rosto, a conhecê-Lo cada vez melhor, para poder amá-Lo sempre mais. Também o Bispo deve ser um homem de coração vigilante que percebe a linguagem sutil de Deus e sabe discernir a verdade da aparência. Também o Bispo deve estar repleto da coragem da humildade, que não se interessa do que a opinião dominante diz dele, mas por critério toma a medida da verdade de Deus, comprometendo-se com ela opportune – importuneDeve ser capaz de ir à frente indicando o caminho. Deve ir à frente seguindo Aquele que a todos nos precedeu, porque é o verdadeiro Pastor, a verdadeira estrela da promessa: Jesus Cristo. E deve ter a humildade de prostrar-se diante daquele Deus que Se tornou tão concreto e tão simples que contradiz o nosso orgulho insensato, que não quer ver Deus assim perto e pequenino. Deve viver a adoração do Filho de Deus feito homem, aquela adoração que lhe indica sem cessar o caminho.
A liturgia da Ordenação Episcopal exprime o essencial deste ministério em oito perguntas dirigidas aos Ordenandos, que começam sempre com a palavra: “Vultis? – Quereis?”. As perguntas orientam a vontade e indicam-lhe o caminho a tomar. Gostaria de mencionar aqui, brevemente, algumas das palavras-chave desta orientação, nas quais se concretiza aquilo que há pouco refletimos a partir dos Magos que aparecem na festa de hoje. A missão dos Bispos é  “praedicare Evangelium Christi“, “custodire“, “dirigere“”, pauperibus se misericordes praebere“, “indesinenter orare“. O anúncio do Evangelho de Jesus Cristo, guardar o depósito sagrado da nossa fé, ir à frente e guiar, a misericórdia e a caridade para com os necessitados e os pobres nas quais se reflete o amor misericordioso de Deus para conosco e, finalmente, a oração contínua são características fundamentais do ministério episcopalA oração contínua significa nunca perder o contato com Deus, deixar-se tocar sempre por Ele no íntimo do nosso coração e deste modo sermos permeados pela sua luz. Só quem conhece a Deus pessoalmente é que pode guiar os outros para Deus. E só quem guia os homens para Deus é que os guia pela estrada da vida.
coração inquieto, de que falamos inspirando-nos em Santo Agostinho, é o coração que, em última análise, não se satisfaz com nada menos do que Deus e é, precisamente assim, que se torna um coração que ama. O nosso coração vive inquieto relativamente a Deus, e não pode ser de outro modo, embora hoje se procure, com “narcóticos” muito eficazes, libertar o homem desta inquietação. Mas não somos só nós, seres humanos, que vivemos inquietos relativamente a Deus. Também o coração de Deus vive inquieto relativamente ao homem. Deus espera-nos. Anda à nossa procura. Também Ele não descansa enquanto não nos tiver encontrado. O coração de Deus vive inquieto, e foi por isso que se pôs a caminho até junto de nós – até Belém, até ao Calvário, de Jerusalém até à Galileia e aos confins do mundo. Deus vive inquieto conosco, anda à procura de pessoas que se deixem contagiar por esta sua inquietação, pela sua paixão por nós; pessoas que vivem a busca que habita no seu coração e, ao mesmo tempo, se deixam tocar no coração pela busca de Deus a nosso respeito. Queridos amigos, foi esta a missão dos Apóstolos: acolher a inquietação de Deus pelo homem e levar o próprio Deus aos homens. E, seguindo os passos dos Apóstolos, esta é a vossa missão: deixai-vos tocar pela inquietação de Deus, a fim de que o anseio de Deus pelo homem possa ser satisfeito.
Os Magos seguiram a estrela. Através da linguagem da criação, encontraram o Deus da história. É certo que a linguagem da criação, por si só, não é suficiente. Apenas a Palavra de Deus, que encontramos na Sagrada Escritura, podia indicar-lhes definitivamente o caminho. Criação e Escritura, razão e fé devem dar-se as mãos para nos conduzirem ao Deus vivo. Muito se discutiu sobre o tipo de estrela que guiou os Magos. Pensa-se numa conjunção de planetas, numa Supernova, ou seja, uma daquelas estrelas inicialmente muito débeis que, na sequência duma explosão interna, irradia por algum tempo um imenso esplendor, num cometa, etc. Deixemos que os cientistas continuem esta discussão. A grande estrela, a verdadeira Supernova que nos guia é o próprio Cristo. Ele é, por assim dizer, a explosão do amor de Deus, que faz brilhar sobre o mundo o grande fulgor do seu coração. E podemos acrescentar: tanto os Magos do Oriente, mencionados no Evangelho de hoje, como os Santos em geral pouco a pouco tornaram-se eles mesmos constelações de Deus, que nos indicam o caminho. Em todas estas pessoas, o contato com a Palavra de Deus provocou, por assim dizer, uma explosão de luz, através da qual o esplendor de Deus ilumina este nosso mundo e nos indica o caminho. Os Santos são estrelas de Deus, pelas quais nos deixamos guiar para Aquele por quem o nosso ser anseia. Queridos amigos, vós seguistes a estrela que é Jesus Cristo, quando dissestes o vosso “sim” ao sacerdócio e ao ministério episcopal. E certamente brilharam para vós também estrelas menores, que vos ajudaram a não errar o caminho. Na Ladainha dos Santos, invocamos todas estas estrelas de Deus, a fim de que brilhem sempre de novo para vós e vos indiquem o caminho. Com a Ordenação Episcopal, vós mesmos sois chamados a ser estrelas de Deus para os homens, guiando-os pelo caminho que leva à verdadeira Luz: Cristo. Invoquemos, pois, agora todos os Santos, para que possais corresponder sempre a esta vossa missão mostrando aos homens a luz de Deus. Amém!

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Nossa Senhora - BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA


BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA, 
MÃE DE DEUS.

"Ela é a mulher forte que conheceu a pobreza e o sofrimento,
a fuga e o exílio". Mt 2,13-23

"A mulher cuja função, materna se dilatou, vindo a assumir,
no Calvário, dimensões universais"
Papa Paulo VI
Antigamente, nesta data se celebrava a Circuncisão do Menino Jesus. Atualmente, nela se celebra a Santíssima Virgem, que o Concílio do Éfeso (ano 431) proclamou “Theotókos” (Mãe de Deus).

Hoje, oito dias depois da Natividade, primeiro dia do ano novo, o calendário dos santos se abre com a festa de Maria Santíssima, no mistério de sua maternidade divina. Escolha acertada, porque de fato Ela é "a Virgem mãe, Filha de seu Filho, humilde e mais sublime que toda criatura, objeto fixado por um eterno desígnio de amor" (Dante). Ela tem o direito de chamá-lo "Filho", e Ele, Deus onipotente, chama-a, com toda verdade, Mãe!

De certa forma, todo o ano litúrgico segue as pegadas desta maternidade, começando pela solenidade da Anunciação, a 25 de Março, nove meses antes da Natividade. Maria concebeu por obra do Espírito Santo. Como todas as mães, trouxe no próprio seio aquele que só ela sabia que se tratava do Filho unigênito de Deus, que nasceu na noite de Belém.

Ela assumiu para si a missão confiada por Deus. Sabendo, por conhecer as profecias, que teria também seu próprio calvário, enquanto mãe daquele que seria sacrificado em nome da salvação da Humanidade. Deus se fez carne por meio de Maria. Ela é o ponto de união entre o céu e a Terra. Contribuiu para o cumprimento da plenitude dos tempos. Sem Maria, o Evangelho seria apenas ideologia, somente "racionalismo espiritualista", como registram alguns autores.

O próprio Jesus através do apóstolo São Lucas nos esclarece: "Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto" (Lc. 6,43). Portanto, pelo fruto se conhece a árvore. Santa Isabel, quando recebeu a visita de Maria já coberta pelo Espírito Santo, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre."(Lc. 1,42). O Fruto do ventre de Maria é o Filho de Deus Altíssimo, Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor. Quem aceita Jesus, fruto de Maria, aceita a árvore que é Maria. Maria é de Jesus e Jesus é de Maria. Ou se aceita Jesus e Maria ou se rejeita a ambos.

Por tomar esta verdade como dogma é que a Igreja reverencia, no primeiro dia do ano, a Mãe de Jesus. Que a contemplação deste mistério exerça em nós a confiança inabalável na Misericórdia de Deus, para nos levar ao caminho reto, com a certeza de seu auxílio, para abandonarmos os apegos e vaidades do mundo, e assimilarmos a vida de Jesus Cristo, que nos conduz à Vida Eterna.
Com esses objetivos entreguemos o novo ano à proteção de Maria Santíssima que, quando se tornou Mãe de Deus, fez-se também nossa Mãe, incumbiu-se de formar em nós a imagem de seu Divino Filho, desde que não oponhamos de nossa parte obstáculos à sua ação maternal.

A comemoração de Maria como Mãe de DEUS, neste dia, soma-se ao Dia Universal da Paz. Ninguém mais poderia encarnar os ideais de paz, amor e solidariedade do que ela, que foi o terreno onde Deus fecundou seu amor pelos filhos e de cujo ventre nasceu aquele que personificou a união ente os homens e o amor ao próximo, o Cristo. Celebrar Maria é celebrar O nosso Salvador. Dia da Paz, dia da Mãe Santíssima.